terça-feira, 28 de maio de 2013

"A Tonga da Mironga do Cabuletê"

UM POUCO DE HISTÓRIA
Isto é cultura !!!!!!

Realmente eu não fazia a menor ideia do significado... Ano de 1970.Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde haviam acabado de inaugurar a parceria com o disco "A Arca de Noé", fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.


Encontram o Brasil em pleno "milagre econômico". A censura em alta, a Bossa em baixa.
Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais. O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela intelectualidade militante, que pejorativa e injustamente classifica sua música de easy music. No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria. Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Ganto A. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles "tonga da mironga do cabuletê", que significa "o pêlo do cu da mãe".


O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde oliva inspiram o poeta. Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la no Teatro Castro Alves. Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa. E o poeta ainda se divertia com tudo isso:
"Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô".

Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

Tonga da Mironga do Cabuletê
Toquinho e Vinicius de Moraes

Eu caio de bossa eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa xingando em nagô
Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
Você que lê e não sabe
Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe
Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Você que fuma e não traga
E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga
Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo

A finalidade da vida nos empurra para o aprendizado das virtudes; no entanto, a cada momento nos defrontamos com os nossos próprios defeitos. É verdade que ao longo da vida nos preocupamos muito em angariar valores que de fato não são os mais importantes; nos preocupamos em conseguir posses, na esperança de que elas nos darão o poder de, quem sabe, sermos felizes. Buscamos adquirir terras, ou no mínimo um terreno, para construir nossa casa, ou talvez um quiosque. Tentamos juntar dinheiro para guardar debaixo do colchão, talvez para poder dar uma jóia de ouro e diamante à esposa ou à filha. Procuramos, dentro da vida, interpretar papéis que representem valores perante à sociedade; papéis de autoridade, de expressão para a admiração alheia, a fim de não nos sentirmos por baixo. Por vezes, nos encantamos com o corpo, como um grande tesouro a ser cultivado, entregama-nos a uma busca desenfreada da sua exaltação, realizamos dez mil cirurgias plásticas, e a estética está cem por cento.

Passa-se o tempo, e as situações se modificam. Os ladrões roubam os bens materiais; os títulos e honrarias terrenas também são esquecidos ou superados pelas novidades; o corpo sofre o fenômeno da oxidação e envelhece; as rugas chegam e não há mais onde esticar, e o silicone já não consegue estruturar um corpo de brotinho. A dor então chega, e onde nosso coração guardou valores, ao invés de depositar afeto, foi se transformando num lugar vazio. O sentimento e a emoção podem ser os mais variados; perda, revolta, raiva, mágoa com a vida se instalam. Há insatisfação consigo mesmo e a sensação de vazio e solidão. A descoberta de novos valores se faz necessária para o preenchimento do coração que se encontra vazio. 

Ao procurar no passado a causa, deve-se levar em conta que a história da humanidade não é feita de amor, carinho, compreensão, fraternidade e outras "virtudes" mais. Ela é montada em cima de dramas e tragédias, lutas, batalhas, guerras. Basta lembrar que grande parte das guerras que o mundo viveu foi de origem religiosa; matava-se e ainda se mata em nome da religião e de Deus. Todavia, é a história individual de cada um que entra na biografia do espírito, ao longo das diversas encarnações.

Quando encontramos a causa das dores, também encontramos virtudes jogadas ao léu, pois desprezamos as orientações e aprendizados que a vida nos apresentou. É a jovem que se rebela contra a família, por não concordarem com aquele namoro com homem complicado e que, por teimosia, insiste e se casa com ele. Quando descobre que ele a traía, aí a convivência não tem mais jeito, e separa-se dele. Decide que homem não presta e casamento é uma ilusão. Perdeu-se a fé na sinceridade dos homens e nos relacionamentos.

Costumo dizer que há uma diferença grande entre estar alegre e ser feliz. Estamos alegres quando ganhamos na loteria, quando recebemos aumento de salário. É uma satisfação quando um desejo é realizado, ou seja, quando o mundo de fora permite que consquitemos algo dele. No entanto, felicidade é algo mais profundo, que vem do interior da alma, quando procuramos o prazer no contentamento e na satisfação interiores, ou seja, quando nos ocupamos em adquirir virtudes. Desse modo, ser saudável é mais um estado de espírito, em que existe o conteúdo e não a aparência.

A vida cobra de todos o aprendizado e a ação. Não tem jeito. É de se questionar por quanto tempo ainda desejamos fugir de nós mesmos e protelar nossas prioridades no existir. A frase de Jesus Cristo "Conhecereis a verdade e ela vos libertará" talvez seja o lema de toda a terapia, pois encerra um grande  conteúdo em poucas palavras. O "conhecereis" indica que é necessário voluntariedade, querer procurar, e talvez até uma ordem, uma determinação, pois o ser humano geralmente faz separação entre cumprir um dever e o desejo. Geralmente quer satisfazer os desejos, acreditando que isso dá prazer, ao passo que cumprir o dever é sinônimo de constrangimento, de dissabor. Pouco parou pra pensar que pode tomar atitude diferente: pode aprender que amar somente o que se deseja não é sinônimo de prazer, muito menos de felicidade.

Então, se a máxima diz "Conhecer a verdade", tenho em mente que a verdade deve ser buscada, talvez por estar perdida; está oculta, podendo até ter sido escondida. Desse modo, penso que muitas coisas que tomamos como verdade de fato não o são. Se não é verdade, não passam de aparências, ilusões, engodos, ou mesmo mentiras, mais discretamente chamadas de "inverdades". Portanto, é ininuado que acreditamos em muitas "inverdades", como se fossem verdades.

Se também é dito "a verdade nos libertará", o que nos prende são as mentiras. Mas, de que local estaríamos sendo libertados? Afinal, só pode ser libertado quem está aprisionado. Entendo que a pior prisão do mundo é aquela na qual nos encarceramos dentro de nós mesmos, nos atamos a grilhões mentais - as mentiras - e temos dificuldade de nos soltar de nós mesmos. É como o medo de altura que não está na altura, mas dentro da pessoa; ou como a culpa que, quando é do outro, está tudo bem pra nós, não nos incomoda; no entanto, se ela for nossa, aonde formos, carregamo-la a nos flagelar.

Portanto a frase de Jesus enseja uma busca pormenorizada dentro de nós mesmos; solicita que deixemos de negar os fatos tais como são; pede que não os distorçamos ou minimizemos, nem arrumemos saídas mais intelectualizadas, justificando nosso erro pela atitude alheia, ou por algum outro fator do mundo externo. A máxima "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" é o equivalente cristão ao grego socrático "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo".

Este texto foi extraído do livro: Ectoplasma - Descobertas de um médico psiquiatra de Luciano Munari

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Conhecereis a Verdade e ela vos Libertará!


Tu és o resultado de ti mesmo

Não culpes a nada, nunca te queixes de nada nem de ninguém, porque fundamentalmente tu tens feito tua vida.

Aceita a responsabilidade de edificar a ti mesmo e o valor de acusar-te no fracasso para voltar a começar; corrigindo-te, o triunfo do verdadeiro homem emerge das cinzas do erro.

Nunca te queixes do meio ou dos que te rodeiam, há em teu meio, aqueles que souberam vencer, as circunstâncias são boas ou más segundo a vontade ou fortaleza de teu coração.

Aprende a converter toda situação difícil em uma arma para brigar. Não te queixes de tua pobreza, de tua solidão ou de tua sorte, enfrenta com valor e aceita que de um outra maneira, tudo dependerá de ti; não te amargures com teu próprio fracasso, nem culpes a ninguém por isso, aceita agora ou seguirás justificando-te como um menino, relembra que qualquer momento é bom para começar e que nenhum é tão terrível para claudicar.

Pare já de enganar-se, és a causa de ti mesmo, de tua necessidade, de tua dor, de teu fracasso. Se, tu tens sido o ignorante, o irresponsável, tu, unicamente tu, ninguém pode haver feito por ti. Não esqueças que a causa de teu presente é teu passado, como a causa de teu futuro é teu presente.

Aprende com os fortes, os audazes, imita aos enérgicos, aos vencedores, aos que não aceitam situações, aos que venceram apesar de tudo. Pensa menos em teus problemas e mais em teu trabalho e teus problemas sem alimento morrerão.

Aprende a nascer desde a dor e a ser maior, que o maior dos obstáculos. Veja-te no espelho de ti mesmo. Começa a ser sincero contigo mesmo. Reconhecendo-te pelo teu valor, pela tua vontade e por tua fragilidade para justificar-te. Recozige-se dentro de ti mesmo, mais livre e forte, deixarás de ser um boneco das circunstâncias, porque tu mesmo és responsável pelo teu destino. E nada pode substituir-te na construção de teu destino.

Levanta-te olha as manhãs e respira a luz do amanhecer.

Tu és parte dá força dá vida. Agora desperta, caminha, luta.

Decide-te e triunfarás na vida.

Nunca penses na sorte, porque a sorte é o pretexto dos fracassados.

PABLO NERUDA