sábado, 28 de fevereiro de 2015

Servindo-nos da experiência




A expectativa da vida humana tem crescido. Fala-se, na atualidade, de setenta anos para o homem e setenta e cinco para a mulher.
Se a economia se preocupa com valores previdenciários, se a medicina providencia recursos adequados para as possíveis dificuldades que surjam, no decurso dos anos, é de nos questionarmos o que a sociedade, em geral, tem feito a respeito.

Estamos nos preocupando com o aumento de tantos idosos circulando em nossa cidade? Estão sendo providenciadas melhores vias de acesso, que lhes permitam andar com maior segurança pelas ruas, sem estarem sujeitos a tropeçarem em passeios improvisados, lajotas soltas ou escorregadias?
E, afinal, o que temos lhes reservado para esses tantos anos a mais que estarão conosco?

Qualidade de vida tem a ver com afeto, atenção, sentir-se útil, capaz de contribuir com o mundo. Alguém valorizado pela sua experiência, pela sua cultura. Foi pensando nessa bagagem cultural e nas tantas horas ociosas, que uma escola de inglês, no Brasil, teve uma ideia brilhante. O projeto promove o intercâmbio entre estudantes da língua inglesa, em nosso país, com idosos americanos, que buscam alguém para conversar.

Entre eles, apenas uma ferramenta de videochat, que permite a comunicação à distância, pela internet. O projeto piloto foi realizado com a participação de trinta alunos do nível avançado e doze idosos de uma Casa de Repouso, em Chicago. A troca de experiências entre eles estabelece um relacionamento que ultrapassa as barreiras geográficas e de linguagem, agregando valor à vida dos participantes. A conversa é gravada para avaliação dos professores, mas o que é maravilhoso é o relacionamento criado.
Os idosos se preparam, vestem-se bem, penteiam-se para o momento do diálogo virtual. Todos muito bem humorados, falam a respeito de suas vidas, mostram fotos de quando eram jovens. 
 
Um dos senhores diz a um jovem brasileiro que se sente com vinte e cinco anos, embora tenha quase setenta.

Um adolescente conta que queria viajar para uma determinada localidade mas a mãe não o deixou.

Você tem uma boa mãe. – Foi a resposta do americano.

Uma senhora, emocionada, exclama: Você é minha nova neta!

Uma aluna conta quantos anos tem seu irmão. Com delicadeza, a mulher, que a ouve, sugere a forma correta de formular aquela frase.

Uma excelente troca de experiências. Idosos sentindo-se úteis, ensinando a jovens estrangeiros. Jovens que se sentem felizes em dialogar com pessoas de cultura diferente.

E, além de tudo, uma dose de amizade, afeto, que se cria. Um dos rapazes oferece a sua casa para hospedar aquele velho senhor com quem dialoga, caso ele decida visitar o Brasil.

Outro, abraça o computador, dizendo: Vai aí um grande abraço. E é correspondido.

Com certeza, mais do que alunos melhores, pessoas melhores estão sendo forjadas nessa salutar experiência.

Um exemplo a ser pensado e imitado. Quantas coisas maravilhosas têm nossos velhos para nos oferecer?
 
Redação do Momento Espírita, com base no vídeo
 Speaking Exchange, da Escola CNA, de São Paulo.
Em 27.2.2015.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Louco



Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um rapaz no cimo do telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez a minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras.
E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”
Assim tornei-me louco.
E encontrei tanta liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
 
Khalil Gibran

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Eu quero...




Eu sigo em frente e nada me parece novo... Encontro o desconhecido e não tenho medo, mas eu quero ter medo, eu quero temer o que não conheço, mas a sensação é que eu conheço...

Há, dentro de mim, uma intensa luta que incita gritos de vitórias e derrotas, pois eu sou Abel enquanto dissemino a paz e Cain ao ser tomado pelo instinto...

Eu quero, quero mais, quero ir além... 

Quero expurgar a cólera de meu corpo, viver a essência do meu ser e me entregar com plenitude ao sentimento, puro e belo, sem dúvidas, sem pudor, vivo...

Eu quero...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Arte da Imperfeição

Algumas pessoas são conhecidas como perfeccionistas. O vocábulo significa pessoa que tem a tendência obsessivamente exagerada para atingir a perfeição naquilo que faz.
Realizar o melhor no que se faça é qualidade elogiosa. Contudo, quando beira à obsessão, traz infelicidade à pessoa e aos que convivem com ela.
Se for alguém com cargo de chefia, bastante complicado será conseguir uma equipe de trabalho que consiga atender as suas exigências.
No trato doméstico, por sua vez, difícil será lhe atender às expectativas, pois nunca a roupa estará impecável como deseja, ou a comida com o exato sabor, ou os móveis com total ausência do mínimo pó.
A pessoa acaba por gerar em torno de si um halo de antipatia e má vontade porque, de antemão, todos já sabem que, por mais se esforcem, nunca alcançarão o grau de perfeição por ela idealizado.
Conta-se que, no século X, o jovem Rikyu queria aprender os complicados rituais da cerimônia do chá e procurou o grande mestre Takeno Joo. Para poder aceitar o rapaz, era necessário submetê-lo a um teste.
Então, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu limpou o jardim até que não restasse nem uma pequena folha fora do lugar.
Ao terminar, examinou cuidadosamente cada centímetro da areia do impecável jardim. Cada pedra estava em seu lugar e todas as plantas estavam perfeitamente ajeitadas.
Porém, antes de apresentar o resultado ao mestre, Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam, displicentes, pelo chão.
Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu tornou-se um grande mestre do chá e, desde então, é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de Wabi Sabi: a arte da imperfeição.
Perceber a beleza que se esconde nas imperfeições do mundo é uma arte. Os tapetes persas sempre ostentam um pequeno erro, um minúsculo defeito, com o objetivo de lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito.
Assim é a condição humana, e a arte da imperfeição começa quando aprendemos a reconhecê-la e aceitá-la.
A sabedoria está em saber viver no mundo, em harmonia com o mundo, respeitando tudo e todos.
Perceber a Sabedoria Divina na diversidade das cores na natureza e na pele dos homens.
Por isso, cada criatura é especialmente única em termos de sentimentos e qualidades. Ninguém é igual ao outro, como na natureza, nenhuma folha é exatamente igual à outra.
Isso fala da grandeza de Deus. Isso nos convida a sermos compreensivos com as qualidades do próximo que nos serve, que convive conosco, que nos ama.
Apreciar a peraltice da criança inquieta, o andar lento e descompassado de quem venceu os anos e avança no novo século, de quem tem a agilidade do vento, de quem traz a cabeça mergulhada em sonhos.
Vivamos, portanto, no mundo, amando, servindo e investindo em nosso aperfeiçoamento moral.
E aprendamos a olhar as pessoas como sendo as flores da cerejeira caídas de forma displicente, bordando delicadamente o verde gramado, com a certeza de que elas conferem a verdadeira beleza a esse imenso jardim de Deus, chamado Terra. 
Redação do Momento Espírita, com base
em pesquisa sobre 
Wabi Sabi, A arte da
imperfeição.
Em 20.2.2014.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

As duas pulgas










Duas pulgas estavam conversando e então uma comentou com a outra:

- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência quando somos percebidas pelo cachorro é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
E elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:

- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.
E elas contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê:

- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.
E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha:

- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?

- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.

- E por que é que estão com cara de famintas?

- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?

- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.

Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer:

- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reengenharia?

- Quem disse que não? Contratei uma lesma como consultora.

- O que as lesmas têm a ver com pulgas?

- Tudo. Eu tinha o mesmo problema que vocês duas. Mas, em vez de dizer para a lesma o que eu queria, deixei que ela avaliasse a situação e me sugerisse a melhor solução. E ela passou três dias ali, quietinha, só observando o cachorro e então ela me deu o diagnóstico.

- E o que a lesma sugeriu fazer?
- "Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança".

Texto atribuído a Max Gehringer.




"Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço"

Immanuel Kant

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Eu sou agora...

"No presente a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais..." [Belchior]

Dúvidas sempre estarão em nossas mentes, mas nunca haverá certezas... Não há como tomar decisões baseado em certezas, apenas dúvidas.

É nessa aposta que somos movidos, pelo poder da fé, mas não aquela fé, dita "religiosa", fé em você, no seu trabalho, nos resultados que devem ser como esperado (ou bem próximo)... Não se engane, quando tudo parece estar perfeito é o momento de maior risco, onde perder e ganhar já não tem significados negativo e positivo, é tudo uma questão de "ponto de vista" e não podemos complicar, porque é preciso simplicidade para podermos enxergar possibilidades... Sim, possibilidades, a vida é um caos probabilístico, onde "certeza" não existe no dicionário.

Na maioria dos casos, forças e fraquezas são dois lados da mesma moeda. Uma força em uma situação é uma fraqueza em outra, mas frequentemente as pessoas não conseguem trocar as marchas. É uma coisa muito sutil falar sobre forças e fraquezas porque elas sempre são a mesma coisa.

Nessa música de Belchior há algo muito claro, ou escuro... você pode encarar um erro como uma besteira a ser esquecida ou um resultado que aponta uma direção... Minha mente é a força e meu corpo a fraqueza, constantemente eles trocam de posição conforme a roupa que visto.

Eu acredito que posso mudar o mundo, por isso eu mudo o mundo!

"A simplicidade é o mais alto grau de sofisticação" [Leonardo da Vincci]


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Eternamente Jovem




Que o bom Deus esteja com você

Em cada estrada que perambular

E que a luz do sol e a felicidade

Te envolvam quando você estiver longe de casa

Que você cresça para ser orgulhoso

Digno e sincero

E faça para os outros

Como você faria para si mesmo


Seja corajoso e seja valente

E no meu coração você sempre permanecerá

Eternamente jovem, eternamente jovem

Eter, eternamente jovem, eternamente jovem


Que a boa fortuna esteja sempre com você

Que sua luz-guia seja forte

Construa uma escada para o céu

Com um príncipe ou um vagabundo


E que você nunca ame em vão

E no meu coração você ficará

Eternamente jovem, eternamente jovem

Eter, eternamente jovem, eternamente jovem

Eter, eternamente jovem, eternamente jovem

Eter, eternamente jovem, eternamente jovem


Quando você finalmente voar embora

Estarei esperando que eu tenha servido bem a você

Pois toda a sabedoria de uma vida

Ninguém pode jamais contar


Mas qualquer que seja a estrada que você escolher

Estou bem atrás de você, vença ou perca

Eternamente jovem, eternamente jovem

Eternamente jovem, eternamente jovem

Eternamente jovem, eternamente jovem

Eter, eternamente jovem, eternamente jovem

[Rod Stewart]